_O que você pensa que ta fazendo?_ eu perguntei irritada.
_Você vai dormir o dia inteiro é?
_Que horas são?_ eu sentei na cama de repente alarmada.
_Onze e meia_ ela disse.
_Onze e meia?_ eu repeti exaltada e levantei da cama num pulo.
_Agora você resolve levantar_ ela zombou.
_Por que você não me acordou?
_Eu acabei de te acordar_ ela avisou.
_Engraçadinha_ eu murmurei enquanto abria o guarda roupa apressada.
_Seria muita idiotice de minha parte perguntar por que tanta pressa?
Eu apenas a encarei por um instante.
_Ta bem, é sim. Eu te ajudo a achar uma roupa.
Ela me ajudou a decidir o que vestir e não parou de me zoar por causa da minha pressa. Eu nem sequer era capaz de disfarçar.
_Como estou?_ perguntei nervosa.
_Você parece uma criança Demi.
_Criança? O que tem de...
_Não, você esta linda querida, o vira-lata vai babar. Eu quero dizer que você parece uma criança pela sua ansiedade, esse seu nervosismo_ ela explicou.
_Eu sei que pareço_ admiti meio derrotada_ mas é que... Eu nunca me senti assim antes. Ele faz eu me sentir viva, humana.
_Que bom, fico feliz_ ela sorriu_ agora é melhor você ir.
_Obrigada amiga.
Eu dei um rápido abraço nela e sai feito uma louca do quarto, esbarrando na minha mãe no caminho, ela me perguntou aonde eu ia e menti facilmente, ela é óbvio acreditou e disse que não deveria me preocupar com nada. Eu realmente me sentia uma criança, mas quem se importava?
Narrado pelo Joe
Eu estava sentado na beira do lago, os minutos pareciam passar tão devagar enquanto eu esperava por ela. Então ouvi seus passos suaves atrás de mim e não pude conter o sorriso que surgiu em minha face quando me virei pra olhá-la. Ela estava parada ali, em pé, sorrindo. Incrivelmente linda usando um short e botas pretas. Sua blusa branca era sem mangas e ela usava aberta, deixando uma parte de seu sutiã vermelho amostra. Tinha uma fita amarrada abaixo do seio, como um sinto e também usava luvas. Seus cabelos estavam soltos e meio ondulados e seus olhos brilhavam com uma excitação que eu conhecia bem, era igual a minha.
_Oi_ eu sorri largamente.
_Oi_ ela respondeu igualmente sorridente.
Ela andou calmamente e se sentou ao meu lado.
_Demorei muito?
_Não, eu acabei de chegar_ menti convencionalmente, na verdade eu já estava esperando há algum tempo, mas ela não precisava saber disso.
_Acordei meio tarde, se a Selena não tivesse me chamado ainda estaria dormindo_ ela contou.
_Ela sabe que...
_Sabe, ela e o Nick sabem de tudo.
_E o que eles acharam disso?
_Bem, eles acham que eu sou louca mais querem me ver feliz_ ela ergueu os ombros.
Eu apenas sorri.
_Você contou pra alguém?
_Não, mais esta meio difícil de esconder do meu irmão, ele me conhece muito bem e a minha desculpa não ta mais funcionando. Ele vai acabar descobrindo.
_E como você acha que ele vai reagir?
_Não sei, o Kevin é muito imprevisível. Esta sempre de bom humor, mais sabe quando levar as coisas a sério. Mas as reações dele ao que digo são um mistério. Ele nunca faz o que eu espero.
_Bom, é só esperar pra ver no que essa nossa loucura vai dar.
_Não é loucura... É amor.
_O amor é uma loucura_ ela fez uma careta.
_Acho que sim.
_Então, o que você fazia ontem na floresta?_ ela perguntou tentado mudar de assunto.
_Estava indo fazer minha ronda. A ultima vez que fiz a ronda noturna foi aquele dia que você esbarrou em mim. O Kevin não estava contente de ter que fazer em meu lugar.
_Imagino que não.
_E você? O que fazia na cidade?
_Trabalho. Meu pai queria que eu mostrasse a Taylor como é o nosso trabalho. Ele quer que ela se envolva mais nos negócios da família_ ela revirou os olhos e se levantou.
_Eu não sabia que você tinha uma irmã. Ela na se parece com você.
_Ainda bem que não_ ela sorriu.
_Vocês não se dão bem? Ela é meio nojentinha_ observei.
_Meio? Se você a conhecesse_ ela sacudiu a cabeça.
Ela se escorou em uma árvore e eu me levantei também, me escorando em outra de frente pra ela.
_Você esta linda.
_Obrigada_ ela pareceu meio envergonhada.
_Posso perguntar uma coisa?
_Claro.
_Quando meu pai estava me falando sobre você, ele me disse que você já usou suas habilidades nele.
_É verdade_ ela concordou.
Eu era curioso o suficiente pra perguntar_ O que você o fez ver?
_Ele não te contou?
_Ele não quis que eu soubesse, disse que eu tinha que esquecer.
_Bem, realmente é algo que eu quero esquecer.
_Não vai me dizer?
_Se ele não quis que você soubesse, não sou eu que devo contar.
_É tão ruim assim?
_Pra mim sim, eu não gosto de fazer essas coisas, só fiz porque foi extremamente necessário.
_Eu ainda vou descobrir o que foi_ avisei.
_Eu gostaria que não tentasse, não é algo bom. Foi um episodio lamentável.
_Eu sou muito curioso.
_Eu já percebi isso_ ela sorriu.
Eu cheguei mais perto, só parei quando estava alguns centímetros dela, sabia que deveria me comportar mais era extremamente difícil, estar tão perto e não poder tocá-la.
_Não incomoda você?_ ela perguntou de repente.
_O que?_ perguntei confuso.
_Meus olhos. As pessoas não conseguem me encarar muito tempo, elas se intimidam.
_Na verdade não. Eu os acho lindos, como todo resto.
_Lindos?
_É.
_Você é a primeira pessoa que me diz isso. Nem mesmo meus pais ou a Sel, até eles ficam desconfortáveis me olhando muito tempo.
_Eu simplesmente não consigo ter medo de você.
_Não deveria mais fico feliz com isso.
_É um absurdo ter medo de um anjo.
_Eu não sou um anjo_ seu sorriso sumiu_ sou um monstro.
_É o meu anjo_ eu continuei mesmo vendo sua expressão de raiva.
_Louco_ ela disse.
_Foi você que me deixou assim_ eu acusei sorrindo.
Ela sorriu de volta e andou pra longe de mim, indo novamente pra beira do lago.
_Eu pensei que vira-latas não gostavam muito de tomar banho_ ela brincou.
_É só um mito como todo resto. Eu também achei que vampiros não tomavam banho, não saiam no sol...
_São só historias, nós não dormimos em caixões e o sol não machuca_ seu sorriso aumentou mais.
_Então vocês podem andar a luz do dia à vontade?
_Eu não estou aqui?
_Hoje não esta um dia ensolarado_ eu lembrei.
_Verdade, mas não acontece nada. Vocês não deveriam se transformar só em noite de lua cheia?_ ela se virou pra me olhar.
_Assim não teria a menor graça_ eu ergui os ombros.
_Acho que não_ ela concordou.
_Bom, são só pequenos detalhes. A nossa vida é bem mais interessante que nas historias.
_Mais complicada com certeza_ seu sorriso sumiu.
_Você não gosta muito da sua vida né?
_Quem gosta de ser um monstro?_ ela baixou a cabeça entristecida.
_Você não é um monstro_ eu andei até ela.
_Você diz isso porque lhe convém. É nisso que você quer acreditar. Mas não esqueceu do homem que eu matei e da mordida que te dei.
_Não esqueci, mais foi tudo um acidente.
_Só porque eu não quis fazer, não diminui minha culpa. Eu fui criada pra matar, e não foi a primeira vez que tirei uma vida.
_Mas você e sua família renegam sua natureza, matando apenas animais.
_Pode até ser, mais a sede que eu sinto todo dia e a que eu sinto agora não me deixam esquecer o que eu sou de verdade.
_Você não vê o quanto é especial?_ eu insisti.
_Sou pra você mais...
_Chega, eu não quero perder o pouco tempo que temos discutindo por uma coisa tão idiota.
_Idiota?
_É, idiota, nós não vamos concordar, então isso não vai dar em nada.
_Tem razão_ ela concordou ainda meio zangada.
Eu não resisti e levantei minha mão devagar para colocá-la em seu rosto, ela suspirou e fechou os olhos, repousando seu rosto em minha palma.
_Você é tão linda.
_E você é um burro, o que foi que você viu em mim?
_Não sei explicar, mais me sinto tão bem estando aqui com você_ confessei meio envergonhado.
_Eu também. É tão... Complicado. Uma parte de mim quer te matar e a outra...
_A outra...
_Não suportaria ficar sem você_ enquanto ela falava, sua expressão ia ficando mais triste e ainda mais linda.
Eu cheguei mais perto, sem conseguir me segurar mais e encostei meus lábios delicadamente nos seus. Como da outra vez suas mãos foram pros meus braços, apertando eles com força. A pequena dor que isso causava não era nada comparada com a sensação de poder tocá-la, beijá-la. O beijo foi se aprofundando aos poucos, ficando mais intenso... Ela foi se soltando, perdendo o medo conforme ia passando os segundos. Mas então ela foi se afastando devagar, fazendo uma careta, seus olhos estavam fechados com força e ela não me soltou. Sua respiração estava ofegante como a minha.
_Viu só? Você não me machucou_ eu disse alegre.
_Você é muito teimoso_ ela reclamou mais sorriu levemente.
_Eu não desisto facilmente_ informei.
Eu olhei pras suas mãos que ainda apertavam meus braços com força. Ela acompanhou meu olhar.
_Talvez eu devesse... _ eu tentei me afastar pra lhe dar um pouco de espaço mais ela não me soltou.
_Espera só um segundo_ ela pediu fechando os olhos de novo. Então suas mãos se afrouxaram devagar. Ela me olhou e sorriu satisfeita.
_Tudo bem?_ eu perguntei.
_Não faça isso de novo esta bem?
_Não posso prometer nada_ falei.
Ela sorriu de novo e então escorou sua cabeça em meu peito, seus braços envolveram minha cintura em um abraço carinhoso. Eu retribui, a abraçando também, sentindo seu doce perfume no ar. O tempo passou voando enquanto estávamos juntos, conversamos mais um pouco, rimos e eu consegui roubar mais um beijo antes que ela fosse embora. Eu não queria que o dia terminasse mais infelizmente tudo que é bom dura pouco.
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