Primeiro Dia – 19:46 da Noite
Depois do que acontecera na rua, nós encontramos uma casa qualquer e entramos nela pra passar a noite... Tínhamos tido muitas emoções pra um único dia e precisávamos descansar um pouco. Eu entrei em um dos quartos e me sentei na cama tentando relaxar. Não conseguia esquecer aquela menina sorrindo pra mim, e muito menos o que ela dissera.
E se ela tentasse fazer algum mal a Demi? Eu não suportaria... Eu prometi que a protegeria e era isso que eu iria fazer.
_Joe?_ ela me chamou parada na porta.
_Oi_ eu dei um meio sorriso.
_Você ta bem?_ ela perguntou preocupada_ parece meio assustado.
_Estou cansado_ dei de ombros_ tivemos um longo dia.
Ela atravessou o quarto rapidamente e se sentou na cama a minha frente, sorrindo... Ela tinha um sorriso tão lindo e encantador, só aquilo conseguia me deixar alegre num momento desses... Só ela.
_Eu acredito em você Joe_ ela murmurou.
_Não acha que eu pirei_ dei uma risada nervosa.
_Não_ ela sacudiu a cabeça_ os outros não entendem porque eles não viram... Mais eu também a vi na biblioteca, era real. Não estamos loucos, tem algo acontecendo.
_Talvez fosse melhor se estivéssemos loucos... Por que... Pensar que eu era o único a poder vê-la, não é muito reconfortante.
_Eu sei_ ela deu de ombros_ mais uma hora vamos ter que aceitar o que esta acontecendo.
_E o que esta acontecendo Demi?_ eu perguntei_ eu gostaria de saber... Talvez fosse menos... Assustador.
Ela concordou e se arrastou na cama pra me abraçar... Fiquei deitado ali, com ela meio em cima de mim, nos meus braços, ficamos em silencio, ouvindo o coração e a respiração um do outro... Era tranqüilizante.
_Vamos enfrentar juntos lembra?_ ela comentou_ vamos dar um jeito.
_Eu sei_ concordei_ posso fazer qualquer coisa com você aqui.
Aquilo meio que escapou sem querer da minha boca, mais vi Demi sorrir de lado e fechar os olhos se apertando um pouco mais contra mim. Eu queria dizer pra ela naquele minuto o quanto a amava e que ela era o que vinha me dando força ultimamente pra continuar vivendo... Mais não era hora e nem o lugar. Por enquanto eu podia me contentar com aquilo.
Segundo Dia – 8:15 da Manhã
Quando acordei no dia seguinte, ainda estava no quarto, deitada nos braços de Joe... Depois de conversar com ele tínhamos adormecido naquela posição, e acho que nunca dormi tão bem na vida apesar da situação em que nos encontrávamos.
Estar com ele me deixava tranqüila... E eu senti uma coisa estranha no peito quando ele dissera aquilo ontem... Eu não sei explicar, só sei que dormi sorrindo e agora não queria abrir os olhos pra encarar a realidade.
_Esta acordada pequena?_ sua voz delicada e suave em meu ouvido me fez sorrir.
_Estou_ respondi baixinho ainda de olhos fechados.
_Dormiu bem?_ ele perguntou.
_Por incrível que pareça sim_ eu afirmei_ você é um ótimo travesseiro.
Ele riu suavemente, senti o movimento de seu corpo contra o meu e abri os olhos_ é bom saber que sirvo pra alguma coisa.
Infelizmente pra minha decepção ainda estava escuro... Só o que iluminava o cômodo agora era os abajures do lado da cama e nós não estávamos sozinhos no quarto... Os outros tinham se encolhido na outra cama e no chão, pra que não ficássemos separados.
_Ainda esta escuro_ eu resmunguei.
_Eu sei_ ele sussurrou_ também fiquei decepcionado quando vi.
_Quando será que o sol vai voltar?_ perguntei sem conseguir me conter.
_Eu espero que logo_ foi só o que ele respondeu.
Ficamos em silencio mais um pouco, vimos os outros irem acordando aos poucos e continuarem deitados sem nenhuma vontade de encarar o mundo do mesmo jeito que nós... E percebi que Miley não estava conosco. Devia ter ido ao banheiro ou algo assim.
Pelo menos foi o que eu pensei até ouvirmos um grito estridente e apavorado vindo do andar de baixo.
_Mais o que é isso?_ Nick perguntou assustado.
_Miley_ Liam se levantou apressado e começou a correr pra porta.
Nós nos levantamos também e corremos pelo corredor, atrapalhados, descendo as escadas as pressas... Encontramos Miley abaixada no chão, na frente de uma porta aberta, o rosto escondido, embora não pudesse ver seu rosto era visível que estava chorando.
_Miley o que houve?_ Liam se abaixou ao lado dela e a abraçou.
_Eu quero ir embora dessa casa_ ela choramingou_ quero que isso acabe.
_Hei, calma_ ele sussurrou no ouvido dela.
_MAIS QUE... _ eu me assustei com o quase grito de Dani.
Só quando vi os olhos arregalados de todos é que percebi o que tinha assustado Miley e porque ela estava tão desesperada pra ir embora. A porta que estava aberta era um armário e parecia um lugar reservado pra algum ritual maluco.
No centro tinha uma caveira pendurada que eu juro que não sabia se era de verdade ou mentira... As paredes eram escuras, tinha um altar no fundo da sala com velas e coisas estranhas... Símbolos... Eu quase gritei também... Que coisa horrível.
_Quem vivia nessa casa? Um maluco satanista?_ Kevin resmungou irritado.
_Vamos embora daqui_ Miley pediu.
_Vamos sim Mi_ Joe disse_ se acalma... Nós já vamos sair.
_É, temos que ir até o hospital_ Selena comentou_ quanto mais rápido melhor.
Nós ajudamos Miley a se recompor e então um por um tomamos um banho no enorme banheiro daquela casa e comemos alguma coisa... Quando saímos da casa eram nove da manhã. E fiquei feliz de me ver livre daquele lugar.
Nós caminhamos por mais alguns minutos pelas ruas escuras até finalmente chegarmos aonde queríamos... O Hospital.
Ele estava diferente do que eu estava acostumada, tudo escuro e... Assustador. Eu já não tinha certeza se queria mesmo entrar ali. Não parecia certo.
_Estão prontos?_ Joe perguntou nos olhando.
_Não_ eu disse.
_De jeito nenhum_ os outros concordaram comigo.
_Ótimo_ ele sorriu de lado_ vamos lá então.
_Tem certeza que é uma boa ideia?_ Liam questionou_ não me parece que tem ninguém lá dentro.
_Vamos pessoal_ Joe insistiu_ temos ao menos que dar uma olhada, já viemos até aqui.
No fim das contas todos concordaram... Pegamos nossas lanternas e entramos no hospital... Eu nunca gostei de hospitais, e vendo ele daquele jeito, naquela total escuridão eu gostava menos ainda.
A recepção estava vazia e sinistra... Eu não queria passar dali mais Joe começou a caminhar com convicção só parando quando percebeu que ninguém o seguia.
_Qual é gente?_ ele fez careta_ vamos logo, quanto mais enrolarem pior vai ser.
_Esse hospital é enorme_ Selena resmungou_ vamos demorar muito pra vasculhar tudo.
_Então nos separamos_ ele sugeriu.
_Não sei se é uma boa ideia_ Dani fechou a cara.
_Vamos de dois em dois_ ele disse_ mantenham os celulares ligados, se virem ou ouvirem qualquer coisa é só ligarem... Ou gritarem e saírem correndo.
_Isso funciona bem_ Nick zombou.
_Vamos gente, sei que estão com medo, eu também to_ ele afirmou_ mais isso é importante.
As palavras dele pareceram fazer efeito... Joe sempre sabia o que dizer pra fazer os outros se sentirem bem, até mesmo em situações criticas. Bom, nós nos separamos em duplas... Eu não preciso dizer quem ficou com quem né? o.O
Cada um foi pra um lado... Eu segui com Joe pelos corredores, sempre segurando sua mão. Abrimos a porta do primeiro quarto que encontramos e estava vazio.
_Será que estão todos estão vazios?_ eu perguntei o olhando de lado.
_Não sei_ deu de ombros_ não é possível que todos os doentes tenham sumido assim... Vem, vamos acabar encontrando alguém.
Nós vasculhamos quarto por quarto naquele andar e nada... Nenhum sinal de vida em lugar algum e quanto mais nos afastávamos da entrada do hospital mais eu apertava a mão de Joe e sentia meu coração disparar.
_Parece que sua teoria de que os doentes não podiam sumir estava errada_ eu comentei.
_É parece_ ele concordou_ onde se enfiou toda essa gente? Isso não é possível.
_Eu já não duvido de mais nada_ fiz careta_ vamos embora daqui, estamos perdendo tempo.
_Espera mais um pouco_ ele pediu_ vou ligar pros outros e descobrir se eles acharam alguma coisa.
_Ta bem_ revirei os olhos.
Ele soltou minha mão e pegou o celular pra fazer a chamada... Eu ficava olhando pra escuridão assustada... Merda eu quero ir embora daqui.
_O sinal ta ruim_ ele fez careta_ vou ver se pega melhor ali.
Joe se afastou mais um pouco e eu fiquei olhando congelada no lugar, preferi esperar ali onde estava... Quieta. Ficar correndo atrás dele não ia me ajudar em nada... Eu precisava parar e respirar.
Enquanto ele falava no telefone, eu ouvi alguma coisa.
_Me ajuda_ alguém sussurrou.
Eu olhei pra Joe e ele conversava tranquilamente com alguém no celular... Senti minha pele se arrepiar.
_Por favor_ ouvi novamente a voz_ me ajuda.
Eu apontei a lanterna pro final do corredor de onde parecia vir o som... Eu sabia que era errado, mais o instinto e a curiosidade falaram mais alto e eu comecei a caminhar pra lá sem Joe perceber... Afinal alguém podia realmente estar precisando de ajuda.
Quando percebi estava virando co corredor.
_Me ajuda_ a voz ficou mais alta, parecia uma mulher_ por favor... Socorro.
Vi uma porta no fim do corredor, só podia ser ali... Olhei rapidamente pra trás, ninguém nem nada me seguindo.
Então sem pensar duas vezes abri a tal porta e entrei, ouvindo-a bater atrás de mim logo em seguida, me dando um susto.
_Droga_ resmunguei pondo a mão no coração.
O quarto estava totalmente escuro e não era possível ver absolutamente nada... E notei também que ali estava bem mais frio que do lado de fora... Como se eu estivesse num frigorífico ou algo assim.
_Por favor, me ajuda_ a voz disse novamente e eu tinha certeza que vinha daquele cômodo.
_Onde você ta?_ eu perguntei.
Ergui a lanterna devagar e me arrependi profundamente por isso... Eu não estava num quarto qualquer do hospital... Estava no necrotério, era por isso que estava tão frio... Tinham várias macas ali em fileira, e em cima delas vários corpo cobertos com lençol.
Minha respiração ficou presa na garganta e meu coração de bater.
Eu me virei sem pensar duas vezes dane-se se tiver alguém ali... Tentei abrir a porta pra sair... Ela não quis abrir.
_Droga, abre_ resmunguei forçando a maçaneta.
_Me ajuda_ eu ouvi a voz repetir.
Minha mão congelou na maçaneta quando ouvi um passo atrás de mim... Me virei devagar apontando a lanterna e meus olhos quase saltaram das órbitas. Tinha uma... Coisa, parada na minha frente, no fim do quarto. E a ultima maca onde devia haver um corpo estava vazia.
Parecia uma mulher... Estava com um vestido curto, branco sujo de sangue... Descalça, um dos seus pés estava torto, como se o osso tivesse saído do lugar... Subi a lanterna até seu rosto e quase enfartei... Sua boca e seus olhos estavam costurados e ela mantinha uma mão esticada na minha direção, enquanto caminhava com dificuldade, um passo de cada vez.
_AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA_ eu gritei desesperada.
Me virei pra porta completamente descontrolada, forçando tentando abrir, mais não adiantava... Senti as lágrimas tomarem conta e minha lanterna caiu no chão, mais eu não tive coragem de perde tempo pra pegar... Eu só queria sair dali.
_SOCORRO... JOE POR FAVOR_ eu pedia em desespero_ JOE SOCORRO... JOE.
Eu estava falando no celular com Kevin, ele também não tinha encontrado nada em lugar nenhum... Todas as pessoas sumiram literalmente, completamente. Estava distraído ouvindo o que ele dizia quando ouvi um grito desesperado vindo do fim do corredor... Eu olhei pra trás e percebi que Demi não estava mais ali.
_DEMI?_ Eu chamei.
_SOCORRO... JOE POR FAVOR_ ela pedia em desespero_ JOE SOCORRO... JOE.
Eu larguei minhas coisas no corredor e comecei a correr... Ouvi o barulho dela batendo na porta desesperada e fui até lá.
_Demi?_ chamei.
_JOE, ABRE PELO AMOR DE DEUS_ ela pediu_ ME TIRA DAQUI.
O desespero dela me tomou por completo, a porcaria da porta não queria abrir... Eu não saia o que fazer.
_JOE_ ela chorava agoniada.
Eu dei um murro na porta com toda minha força mais nada adiantou, forcei mais um pouco a maçaneta e depois de um segundo a porta se abrir, Demi caiu no chão a minha frente e não parou, começou a se arrastar pra longe do quarto, tropeçando nas próprias pernas e a correr pra longe.
_Demi espera_ eu pedi correndo atrás dela.
Ela não parou, eu tive que perseguir ela pelo corredor até que puxei seu braço... Ela se virou ainda chorando e começou a se debater enlouquecida, tentando fugir do meu abraço... Acabamos tropeçando, e caindo no chão... Aproveitei e me sentei por cima dela, entrelaçando sua mão na minha e a prendendo no chão, a impedindo de se mecher.
_Demi se acalma_ eu pedi.
_Não, me solta_ ela implorou chorando.
_Hei calma, ta tudo bem_ eu disse_ olha pra mim Demi... Ta tudo bem.
Ela foi se aquietando aos poucos, enquanto olhava dentro dos meus olhos... Parou de se debater mais continuava a chorar desesperadamente, eu sai de cima e me sentei no chão, a puxando pra meu colo e a abraçando.
_Hei pequena ta tudo bem_ eu sussurrei em seu ouvido enquanto a abraçava_ o que aconteceu.
_Tinha... Tinha uma coisa lá dentro_ ela soluçava_ tinha... Foi horrível... Queria me... Pegar.
Eu quase não entendia o que ela dizia em meio ao choro, mais a abracei mais apertado.
_Ta tudo bem, já passou_ eu disse.
_Vamos embora daqui_ ela pediu_ por favor, ela vai nos pegar.
_Hei, ninguém vai te pegar, calma_ eu falei_ não tem ninguém atrás da gente.
Ficamos ali sentados no chão abraçados enquanto ela tentava se acalmar... Depois a ajudei a se levantar e caminhamos de volta até onde deixei minhas coisas... De longe olhamos pra dentro daquele quarto, eu não precisei entrar pra saber oque era... O necrotério. Era por isso que ela se assustara.
_Vamos embora_ ela puxou minha mão quando apontei a lanterna pra sala.
_Demi, não tem nada ali_ eu disse.
_Eu não estou louca_ ela gritou_ estava lá... VAMOS EMBORA.
_Tudo bem_ eu concordei sem querer discutir, ela estava muito assustada.
Ela agarrou minha mão com força e começou a me arrastar pra fora dali... Eu deixei, também queria sumir daquele lugar estranho. E embora eu não tivesse visto nada acreditava nela... Não era a primeira coisa estranha que nos acontecia. E não seria a ultima.
E obrigada a minha mais nova seguidora,
Seja Bem - Vinda
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