segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Capítulo 33 – Recomeço



Abri os olhos devagar, tudo estava embaçado. Imagens vinham a minha cabeça, um sonho tentando ser lembrado. Então percebi que não tinha sido um sonho, era tudo real, me sentei na cama assustada e me deparei com um par de olhos negros me observando cautelosamente.

_Demi?
_Ah, Joe.

Me arrastei na cama pra poder abraçá-lo, achei que tinha matado ele, achei que tudo estava acabado. Ele sorriu pra mim e me abraçou apertado. 

_Você ta bem?_ perguntei.
_Eu to sim, mais e você? Ta se sentindo bem?
_Eu to meio tonta. O que aconteceu? A Trish... Ela...
_A Trish fugiu.
_Fugiu? Mais...
_Calma, nós ainda vamos encontrá-la, relaxa ta bom?

Eu o encarei por um instante, vendo seu lindo rosto, achei que nunca mais isso seria possível. Ele estava me segurando pelos ombros e então pude ver a marca dos meus dentes em seu braço, a pele estava mais clara. 

_Desculpa_ pedi.
_Ta tudo bem_ ele sorriu.
_Eu quase te matei_ falei.
_Mais não fez. Você conseguiu, você parou. Não sei como mais parou, acho que meu gosto não é bom tão bom quanto o cheiro_ deu de ombros e sorriu.
_É ainda melhor_ sorri também.
_Como você conseguiu?_ perguntou agora sério.
_Não sei_ sussurrei_ eu não podia parar, eu não queria parar, mais eu não podia te matar, não podia viver sem você.
_Eu te amo_ ele disse.
_Eu também.

Ele segurou meu rosto em suas mãos muito cuidadosamente e então me beijou, sem medo, como se aquele fosse o último. Aquilo era tão bom, mais a queimação que eu senti me lembrou que eu devia ter cuidado.

_Que foi?
_Eu estou com sede_ reclamei.
_Oh, você ficou desacordada por um bom tempo.
_Quanto tempo eu apaguei?
_Cinco dias.
_Cinco?_ falei assustada.
_É, eu estava preocupado. Achei que nunca mais veria a linda cor dos seus olhos.

Eu sorri, só ele mesmo pra me fazer sentir daquele jeito uma hora dessas. Mais então me distrai, eu percebi que estava em casa.

_Eu estou em casa_ falei.
_É.
_Mais o meu pai ele... O que você faz aqui... E... ?
_Calma. Aconteceu muita coisa nesses dias que você ficou desacordada_ ele garantiu.
_Eu to meio confusa_ confessei.
_Não se preocupa, ta tudo bem.

Então a porta do quarto se abriu e a Selena entrou junto com o Nick, a Dani e o Kevin. Eles se jogaram na cama pra me abraçar.

_Demi, se ta legal?_ Selena perguntou.
_Eu to, só to meio perdida.
_Ah amiga que bom que você acordou.
_Estamos muito felizes que você esta bem_ Dani disse.
_Ta sentindo alguma coisa?_ Kevin perguntou preocupado.
_Sede_ falei.
_Eu resolvo isso_ ouvi a voz da minha mãe.

Ela entrou o quarto e me abraçou apertado. Achei que nunca mais poderia fazer isso. Ela me entregou uma garrafinha de água, só que dentro tinha sangue.

_Pronto querida, bebe. Você vai precisar_ sorriu.
_Oh mãe, achei que não fosse mais te ver, nenhum de vocês.
_Oh bobinha, não fala isso nem brincando_ disse.
_Agora bebe_ Joe mandou_ você ainda ta fraca.
_Tudo bem.

Eu comecei a beber e me surpreendi com o tamanho da minha sede, acabei com todo o liquido da garrafa e ainda não parecia ser o suficiente. Todos sorriram felizes por eu estar bem, parecia um sonho, um sonho muito bom. Então meu pai entrou no quarto, parou na porta nos observando curiosamente, aquilo devia ser estranho pra ele.

_Será que... Vocês podem me deixar conversar com a Demi um minuto?
_Claro_ minha mãe sorriu.
_Fica bem_ Joe segurou meu rosto delicadamente e me deu um selinho.
_Ok.

Então eles saíram do quarto, me deixando sozinha com ele. Ele se aproximou devagar e se sentou na cama a minha frente.

_Como você ta?
_Bem, um pouco confusa mais... Bem.
_Que bom. Eu... Tive medo de que você não acordasse.
_Não é tão fácil assim se livrar de mim_ forcei um sorriso.
_Fico feliz_ sorriu meio sem jeito.

Ele me observou em silencio, sem saber o que dizer, por onde começar.

_Me perdoa?
_Perdoar? Pelo que?
_Por ser um idiota, pelas coisas que falei. Eu não tinha aquele direito.
_Pode parecer estranho mais eu entendo você pai. Eu sei bem o porquê você ficou daquele jeito.
_Eu queria que você me perdoasse por ser tão rígido. Incompreensível.
_Eu queria que o senhor me perdoasse por ter mentido, lhe enganado.
_Não há pelo que se desculpar, é minha culpa, se eu não fosse tão chato você teria confiado em mim.
_Eu te amo pai.
_Eu também te amo filha.

Ele me deu um abraço apertado, não fazia ideia de como aquilo me deixava feliz, eu tinha minha vida e minha família de volta.

_Tem mais uma coisa.
_O que?
_Eu conversei com o vira-lata e eu resolvi deixar vocês namorarem em paz.
_É sério?
_Eu só quero te ver feliz querida.

Estava tudo perfeito, se melhorasse era capaz de estragar. Depois que meu pai saiu Paul entrou no quarto pra falar comigo.

_Oi.
_Oi_ sorri.
_Eu vou direto ao assunto, queria falar sobre você e meu filho.
_Pode falar.
_Nós andamos conversando e eu percebi o quanto ele gosta de você. Eu até achei que fosse só pra fazer pirraça mais agora eu sei que não.
_Agente se ama de verdade.

_Eu sei disso e eu achei que você tinha o direito de saber o porquê eu impliquei tanto com isso.
_Eu acho que sei.
_Mesmo assim. Eu sempre tive um problema com vampiros. Sabe como é, essa briga entre as espécies, coisa da natureza_ sorriu_ eu sempre tive uma imagem formada sobre vocês. Uma imagem errada.
_Errada?
_Pra mim vocês eram todos assassinos frios e sem coração, nascidos pra matar e destruir tudo que aparecesse pela frente, não que eu fosse um anjo claro.
Eu tive que rir com isso.
_Mais ai eu conheci seu pai, e apesar das diferenças nós tornamos amigos. EU sei que pode não parecer, mais é que isso mudou depois daquele nosso pequeno incidente, eu tomei uma raiva inexplicável de vocês depois daquilo.
_Eu me arrependo até hoje_ confessei.
_Eu sei. Quando eu soube de você e do Joe eu pirei. Não queria admitir que meu filho estava apaixonado por uma assassina e ainda mais você. Justo você, a vampira que eu tinha mais raiva e também mais respeito.
_Respeito?
_Pelo seu jeito Demi, seu estilo de vida. Sua personalidade incomum pra uma vampira. Mais no fim das contas não passava de orgulho ferido, tanto da minha parte quanto de seu pai.
_Você não vai mais ser contra o nosso relacionamento?
_Não_ balançou a cabeça e deu um leve sorriso_ Quem sou eu pra tirar do meu filho aquilo que ele mais ama? Eu não tenho direito de acabar com a felicidade dele assim. E você é a felicidade dele Demi, Eu vejo o jeito que te olha, como ele fica perto de você e não é de hoje.
_Ele uma pessoa muito especial.

_É. Tem um gosto meio duvidoso mais... _ deu de ombros e riu_ Ele é um ótimo garoto e te ama. E o que eu mais quero na vida é ver meu filho feliz.
_Obrigada por entender.
_Obrigada por fazê-lo feliz.

Ele estendeu a mão pra que eu apertasse, o primeiro gesto amigável dele para comigo em tantos anos. Eu não consegui conter as lágrimas que surgiram em meus olhos, eu tinha medo de estar sonhando e de repente acordar, era tudo bom demais pra ser verdade. Então ele saiu do quarto pra me deixar sozinha. Eu sorri pra mim mesma, sozinha, nós ainda passaríamos por muita coisa mais esse era um ótimo começo, ou melhor... Recomeço.

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