quinta-feira, 26 de abril de 2012

Capítulo 15 – Ameaças




Abri meus olhos devagar, minha cabeça doía, tudo estava embaçado. Tentei me mexer mais não consegui, foi só então que percebi que estava amarrada a uma cadeira. Abri mais os olhos e vi a Trish, sentada em uma cadeira a minha frente me observando com um sorrisinho no rosto, tinha uma arma nas mãos que ela rodava rapidamente.

_Bom dia dorminhoca.
_Onde eu estou?_ perguntei confusa.
_Na minha casa, ou melhor, esconderijo, graças a você e seus amiguinhos.
_Eu deveria me sentir culpada?_ sorri ironicamente.
_Você nunca perde essa sua marra né? Nem nas condições em que se encontra.
_O que você quer? Que eu trema de medo? Posso fazer se vai fazer você se sentir melhor.
_Me responde, seus poderes não estão funcionando muito bem né? Você não esta se regenerando como antes. O corte no seu braço é uma prova disso.
_O que isso tem haver?
_Me diga, nessas condições, o que você acha que te aconteceria se eu desse um tiro nessa sua carinha bonita e irritante? Acho que você ia morrer.

Eu me encolhi e parei de sorrir, acho que não acabaria bem, ela apontou a arma pra minha cabeça e apertou o gatilho, fechei os olhos na mesma hora mais nada aconteceu, só abri os olhos de novo quando ouvi sua risada alta.

_Ficou com medo agora bonitinha? Sorte a sua que a arma não esta carregada.
_Por que você não me mata logo? O que quer de mim?
_Te matar agora seria muito fácil, não teria a menor graça. E não é essa a minha intenção, pelo menos não por enquanto.
_Se não vai me matar, então o que eu to fazendo aqui?
_Eu já disse, eu quero conversar.
_Conversar sobre o que? Sobre aquilo que você fez comigo e com o Joe? Ou esse ultimo incidente?
_Você é bem rancorosa não é? Mais, você gostaria de saber o que foi aquilo que injetei em você?
_Era veneno?_ adivinhei.
_Não um veneno comum. Era uma experiência minha, DNA de lobisomem.
_DNA?

_Na linguagem popular é sangue. Aquilo que te fez contorcer de dor era o DNA do seu namoradinho.
_E porque você injetou aquilo em mim?
_Eu queria ver o que ia acontecer, já fiz experiência em humanos mais não deu muito certo. Agora me diga, se apenas algumas gotas do sangue do seu namorado te fizeram aquilo, o que você acha que a mistura do seu DNA com o dele vai dar?
_Uma linda criança_ respondi seca.
_Me deixa repetir a pergunta pois eu acho que você não entendeu. O que você acha que vai acontecer com você?
_Eu vou ser mãe, não é incrível?_ abri um sorriso de deboche.

Ela se materializou como um fantasma e apareceu abaixada na minha frente, seu rosto estava muito próximo do meu, ela estava furiosa.

_Você vai morrer_ sua voz era cortante.
_Você vai me matar? Pensei que só quisesse conversar_ mantive o tom de deboche, era mais fácil conversar com ela assim.
_Não, mais você não vai sobreviver a isso. Sabe aquelas historias que seu pai te contava quando você era criança? Eram todas verdade, fui eu que contei pra ele. Já houveram outras como você, que cometeram esse grave erro e conseguiram escapar da fogueira.
_E o que houve com elas?
_Não sobreviveram à gravidez, e é isso que vai acontecer com você, essa criança vai te rasgar de dentro pra fora.
_É o que você espera que aconteça?
_Não, é o que vai acontecer, você é diferente das outras, mais forte. Os sintomas demoraram mais pra te atingir, nesse estagio da gravidez todas as outras já estavam implorando pra morrer. Você ainda não viu nada, vai demorar mais, mais vai acontecer e você vai implorar pra que acabem com você.
_Você não me assusta.
_Não é de mim que você precisa ter medo_ sorriu vitoriosa.

Virou-se pros dois guarda costas sorrindo e começou a dar instruções pra eles em outra língua. Ela realmente pensava que eu era burra?

_Avancez et l'amener à une autre pièce. (Apaguem ela e levem pra outra sala)
_Pourquoi ne pas parler ma langue? Par hasard, a quelque chose à cacher de moi? (Por que não fala na minha língua? Por acaso tem algo a esconder de mim?) _ sorri.
_Você fala francês?_ perguntou meio cética.
_Assim como alemão, chinês, espanhol, italiano, japonês, russo e qualquer outra língua que você quizer, então se tiver algo pra falar, fala na minha cara.
_Toujours avec cette façon de difficile, il s'arrête quand on sait ce qui va arriver. (Sempre com esse jeito de durona, vai parar com isso quando souber o que vai te acontecer) _ sorriu.
_Si vous ne me tuez pas, pourquoi devrais-je avoir peur? (Se você não vai me matar, porque deveria ter medo?).
_Pourquoi la souffrance qui vous attend est bien pire que la mort. (Porque o sofrimento que te espera é muito pior que a morte).

Me olhou por mais um longo momento e então saiu da sala. Em seguida os dois guarda costas se aproximaram e bateram na minha cabeça, tudo ficou escuro novamente.

Narrado pelo Joe

Andamos pelo corredor rapidamente, sem dar bola pros olhares especulativos. Entrei no escritório de Marcus sem nem sequer bater, ele levantou da mesa espantado com nossa súbita aparição.

_O que vocês estão fazendo? Você enlouqueceu vira-lata? Como entra assim no meu escritório?
_É a Demi, ela sumiu.
_Ela não sumiu, so foi caçar. O seu irmão não te contou?
_Ela desapareceu, já faz horas que saiu, não atende o telefone.
_Estamos preocupados com ela_ Selena disse em um tom mais calmo.
_Ela está bem, Demi sabe se cuidar.
_Eu achei isso na floresta_ peguei o cordão da mão da Selena_ Ela não ia sair sem isso.
_Pode ter arrebentado_ disse ainda calmo.
_Foi o que eu disse_ Selena concordou com ele.
_Vocês podem parar com isso? Será que não vêem? Aconteceu alguma coisa com ela_ gritei irritado.
_Não há motivos pra se preocupar, Demi é a melhor de todas, a mais forte, sabe muito bem se defender, ela pode cuidar de si mesma_ sentou-se novamente.
_Não, ela não pode. Não nessas condições_ discordei.
_Que condições?

Selena enrijeceu ao meu lado e Marcus nos olhou com suspeita.

_Que condições?_ perguntou de novo quando não respondi.
_Joe não faz isso_ Selena advertiu.
_Eu preciso contar a ele.
_Contar o que?_ perguntou já irritado.
_Você não pode, ela vai matar você_ afirmou.
_O que vocês estão escondendo de mim.

Respirei fundo uma vez, ela realmente não gostaria de saber que contei ao pai dela, mais era necessário, era melhor contar a ele, Marcus saberia o que fazer. Eu me entenderia com ela depois... Eu esperava que sim.

_Fala logo vira-lata_ insistiu.
_Joe não_ Selena implorou.
_A Demi ta grávida_ disse de uma vez.
_O que?_ ele arregalou os olhos_ isso ai é brincadeira né?
_Não, é verdade. Ela ta esperando um filho meu.
_Não pode ser, vocês não fariam algo assim. Eu pedi pra que tomassem cuidado...
_Não foi de propósito... Só aconteceu. Mais ela ta mais fraca, não consegue usar os poderes, não esta se regenerando, nem consegue correr direito. Precisa ir atrás dela.
_Não pode ser_ sussurrou, estava atônito.
_Marcus, não vai fazer nada? Ela é sua filha...
_ELA NÃO É MINHA FILHA_ gritou de repente irritado.

Toda sua calma e paciência tinham sumido ali. Não parecia o mesmo Marcus de antes, ele nunca diria algo assim. Demi tinha razão de ter medo de sua reação.

_Como pode dizer algo assim? Foi só um acidente, mais isso não muda nada, ela é sua filha e...
_Não, ela não é_ me interrompeu.
_Do que esta falando?
_Ela não é e nem nunca foi minha filha. Eu cansei dessa palhaçada, eu aturei essa mentira por todos esses anos, mais vocês passaram dos limites.
_Eu não entendo_ Selena disse_ o que quer dizer com isso? Que mentira?
_Vocês cometeram um grave erro_ disse_ não deviam ter feito isso.

Do que ele estava falando? Senti algo estranho percorrer meu corpo, algo me dizia que aquela conversa não acabaria bem.


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