quinta-feira, 7 de junho de 2012

Capítulo 26 – A criatura




_O que você faz aqui?
_Eu descobri onde eles estão.
_Descobriu?_ levantou da cadeira e sorriu.
_Eu segui a sua mulher, ela me levou até eles. 
_Daiana?_ perguntou.
_É. Estavam todos juntos, Nick, Selena, Kevin, Dani, aquela maluca que atrapalhou tudo e mais um idiota que eu não conheço.
_E a Demi estava lá?
_Eu não a vi mais...
_Mais?
_Ouvi os gritos.
_Gritos?
_A criança esta nascendo Marcus. Você vai ser vovô_ sorriu.

Marcus fechou a cara na hora enquanto Paul dava um leve sorriso.

_Onde?
_Porque quer saber?
_Pra ir lá e acabar com isso.
_Não.
_Como não?
_Acho que tem um jeito mais fácil. 
_Mais fácil? Qual a sua grande ideia Paul?
_Esperar que a criança nasça e... Então fazer o que é preciso.
_Você acha mais fácil matar a criança depois que já tiver nascido? Depois que Demi tiver recuperado as forças e eles tiverem se apegado a criatura?
_Acho que ir atrás deles agora não vai adiantar. Sua mulher esta com eles Marcus, eles estão unidos e... Não vamos conseguir nada assim, só uma carnificina. 
_Desde quando você tem medo de sujar as mãos?

_Desde quando você perdeu a razão?
_Eu não perdi a razão, só estou tentando fazer o que é melhor pra nós.
_E eu só quero que isso acabe. Não quero terminar tudo isso e ter que enterrar meu próprio filho...
_É disso que se trata? Seu filho?
_É Marcus, é disso que se trata. Você pode não se importar com a vida da sua família mais eu me importo ta legal? Qual é o seu problema a final? O que aconteceu com você?
_Me diz onde é_ insistiu.
_Não.
_Ta legal. Eu prometo que não vou atrás deles, mais me fala onde é.
_Não. Eu não confio em você.
_Você ta cometendo um erro.
_Não. Não estou não.
_Quando isso sair do controle... Quando essa coisa vier nos matar... Não diga que não avisei.
_Nossa vida não é um livro Marcus, não vivemos em um filme e nem em histórias de terror, isso aqui é a vida real e se isso ta acontecendo é sua culpa.
_Minha?
_Eu cansei das suas loucuras, tenho mais o que fazer.

Ele deu as costas e saiu da sala deixando Marcus sozinho, bufando de tanta raiva. As coisas estavam se complicando cada vez mais.

Narrado pelo Joe

Eu andava pra lá e pra cá impaciente, cada grito que ela dava era como uma facada no meu coração e eu não agüentava mais aquilo.

_NÃO... PARA... TIRA ISSO DE MIM... TIRA PELO AMOR DE DEUS_ a ouvi gritar.
_Calma Joe, respira_ Kevin disse.
_Cala boca. Eu juro que se você me mandar ter calma mais uma vez eu te mato.
_EU NÃO AGUENTO MAIS... TIRA ISSO DE MIM... NÃO.

Eu respirei fundo mais não conseguia ignorar, ela estava morrendo lá dentro e eu não ficaria parado só ouvindo. Eu precisava ajudá-la.

_Já chega_ falei e fui andando em direção a porta.
_Joe para agora_ Kevin estendeu a mão pra me impedir.
_Sai da minha frente.
_Entrar lá não vai ajudar. Você precisa se acal...
_NÃO ME MANDA TER CALMA IMBECIL.
_Joe.
_Sai daí agora.
_Não.
_Ótimo então.

Já vi que teria que ser do jeito difícil, eu não tava a fim de brigar mais faria se fosse necessário. Eu parti pra cima pra lhe dar um soco mais ele segurou minha mão antes que acertasse seu rosto. Ele torceu meu braço me virando de costas e me impedindo de me mexer.

_Joe eu não quero brigar com você. Isso não vai ajudar...
_Então me solta.
_Não.
_Então vai ter que ser do jeito difícil.

Dei um chute nele o fazendo soltar meu braço e me virei pra olhá-lo, o Liam tava meio nervoso vendo todo esse meu estresse, isso não ia prestar.

_Nick faz alguma coisa_ pediu.
_Não, deixa ele, é bom pra distraí-lo e aliviar a tensão.
_Você não ta falando serio?_ fez careta.
_Eu pareço estar brincando?

Ignorei a conversa dos dois e fui pra cima dele de novo, parecíamos dois adolescentes brigando, não seria mais fácil simplesmente me deixar entrar? Isso não importava agora. Ficamos assim um tempinho, cada grito que a Demi dava lá dentro mais eu me enfurecia. Aproveitei um deslize do Kevin e dei uma banda nele, o segurei pela camisa e o joguei dentro da cachoeira espirrando água pra todo lado.

_Joe para por favor_ Nick falou nervoso enquanto eu andava em sua direção.
_Sai da frente, me deixa entrar.
_Não posso.
_Mais que inferno_ reclamei.
_NÃO... SOCORRO... ME AJUDA.

Eu fui pra cima dele também, tava todo mundo querendo me enlouquecer. O Kevin saiu da água meio desajeitado, eu puxei o Nick pela mão e o empurrei pra longe, acertando o Kevin e fazendo que os dois caíssem na água de novo.

Vai encarar também?_ perguntei ao Liam.
_Joe... Eu não...
_Me deixa passar.
_Segura ele_ Kevin gritou.
_Sinto muito_ fez careta.

Dava pra ver que o coitado tava morrendo de medo de mim, fiquei até com pena dele, mais isso não ia me impedir de passar, eu precisava estar com a Demi. Parti pra cima dele mais pra minha surpresa ele era melhor de luta do que eu imaginava. Ele me deu uma banda e eu me desequilibrei indo ao chão. Estava bufando de raiva, pronto pra me transformar e fazer uma besteira quando ele levantou a mão em um pedido pra que eu o escutasse.

_O que foi?
_Os gritos... Pararam_ ele falou.
_É mesmo_ Nick comentou.

Realmente agora eu não ouvia mais nada, nenhum grito, nenhum sussurro. Só silencio... Passei por eles, que dessa vez não me impediram de entrar e fui até o quarto. Os meninos vieram atrás de mim. A Miley, a Dani e a Selena estavam sentadas no chão, me olharam de um jeito desconfiado. Desviei meus olhos delas rapidamente e vi a Daiana parada em pé no meio quarto... Com uma criança nos braços.

_Vem ver Joe... É a sua filha.
_Minha... _ eu não consegui terminar de dizer.
_Sua filha.

Ela sorriu me convidando a continuar, parecia que alguma coisa me prendia ao chão e me impedia de andar. Eu respirei fundo e me aproximei, vendo a linda criança em seus braços, estava sorrindo. Era incrivelmente linda... Encantadora... Minha filha. Não pude conter o sorriso bobo que surgiu em meu rosto ao pensar isso... Minha filha.

_Não quer pegá-la?_ Daiana perguntou.
_Claro.

Antes de fazer qualquer movimento olhei pro lado esperando poder compartilhar minha alegria com a Demi, então a vi jogada na cama, parecia estar morta, tinha sangue pra todo lado. Arregalei os olhos assustado e senti a Daiana enrijecer ao meu lado.

_Ela ta... _ não pude terminar.

Daiana apenas me encarou entristecida e sacudiu a cabeça negativamente. O que aquilo queria dizer? Andei até a cama e me sentei, puxando a Demi pra meu colo, a abraçaando com força, ela não se movia, não respirava... Nada.

_Demi?_ chamei_ Demi fala comigo.
_Joe... _ ouvi a voz chorosa de Selena.
_Não... Demi fala comigo meu amor... Fala.

Ela não respondeu, não deu nenhum sinal de vida... Aquilo não podia estar acontecendo. Senti as lágrimas descerem por meu rosto, porque ela não falava comigo?

_Demi fala comigo_ implorei aos prantos_ Qualquer coisa... Fala comigo.
_Acho que acabei de perder duzentas pratas_ sussurrou com a voz fraca.
_Oh graça a Deus_ sorri aliviado.

Todos relaxaram na mesma hora, eu a abracei mais apertado, ela descansou seu rosto em meu peito.

_Você me deu um susto_ falei.
_Achou que ia se livrar de mim tão fácil?
_Nunca_ lhe dei um rápido beijo.

Depois de senti-la em meus braços o alivio tomou conta de mim e meu coração finalmente voltou a bater, achei que a tivesse perdido pra sempre.

Narrado pela Demi

Joe me abraçou apertado, me apertando contra seu corpo, eu podia ouvir seu coração bater rápido e ele suspirar aliviado. Os segundos foram passando eu ia me sentindo um pouco melhor, a dor estava desaparecendo aos poucos. Eu me afastei um pouco e olhei pra minha mãe que ainda segurava a criança em seus braços... Minha filha.

_Da ela pra mim_ estiquei os braços na direção dela.
_Claro.

Joe se ajeitou, se escorando na cama e eu me sentei entre suas pernas, minha mãe me entregou a pequena criança, não sei bem explicar o que senti nessa hora... Era muita alegria. Ela estava sorrindo pra nós... E era incrivelmente linda. Sua pele não era nem tão branca como a minha, nem tão morena quanto à do Joe, era um meio termo... Perfeitamente normal como a de um humano, e era tão macia. Seus olhos também eram encantadores... Não eram como os meus... Eram normais e tinham uma cor hipnotizante, eram de um azul claro quase branco. Ela tinha um cheiro muito bom, o sangue doce como o do pai... Nem de perto tão tentador mais incrivelmente bom.

_Nossa filha_ disse sorrindo.
_É sim_ ele concordou sorrindo_ Nossa filha.
_É tão linda.
_Puxou a mãe_ ele riu_ Então... Como vamos chamá-la?
_Mellany... Ela vai se chamar Mellany.
_Mellany_ ele repetiu_ é um nome lindo.

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